Abrapa orienta produtores e técnicos a evitar a contaminação do algodão
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) publicou uma nota técnica de recomendações de boas práticas para ajudar os cotonicultores e seus times, na lavoura e no beneficiamento, a evitar a contaminação da fibra. Essa nota complementa o rol de instruções relacionadas à qualidade do algodão brasileiro, em um trabalho que teve início em 2023, focado na prevenção de fibras curtas.
Entre as causas da contaminação estão sujeira, pegajosidade e outros tipos de contaminantes que podem ocorrer de diversas formas, e, em quase todas elas, as causas podem ser evitadas com práticas corretas. O guia é parte do esforço da associação para incrementar a qualidade do algodão brasileiro no que tange às chamadas características extrínsecas, perceptíveis a olho nu, que, quando não estão de acordo com os padrões desejáveis, podem impactar na transformação da matéria-prima na indústria, gerar prejuízos, desvalorização do produto e, em última instância, comprometer a imagem do Brasil como origem de algodão de qualidade.
De acordo com o gestor do programa Standard Brasil HVI (SBRHVI), da Abrapa, a cada safra, o algodão brasileiro tem melhorado suas características intrínsecas, aquelas só mensuradas por instrumentos tecnológicos, como o High Volume Instrument (HVI), e isso resulta na qualidade final do produto. Contudo, os aspectos ligados às características extrínsecas ainda precisam ser melhorados. “Nosso objetivo é orientar produtores e operadores sobre os principais contaminantes, qual a sua origem, consequências e as formas de mitigar esses problemas”, explica Edson Mizoguchi. Para a elaboração do guia, contribuíram diversos profissionais da cadeia produtiva, com base no material disponibilizado pelo gerente de laboratório da Minas Cotton, Anicézio Resende.
A contaminação do algodão pode ocorrer por plástico, fragmentos da casca da semente (seed coat), pela ação de insetos, como a mosca branca, o pulgão e a cochonilha, que causam a “pegajosidade”, e por outros fatores, como raspas do caule que se misturam ao algodão na hora da colheita, capim, sementes, como o picão preto, fibras estranhas, metais ou tecidos. A própria escolha da variedade plantada pode influenciar. No Brasil, as contaminações mais comuns são seed coat, pegajosidade e plástico. Este último, lidera o número de queixas. Na fiação, por exemplo, o algodão contaminado por plástico ocasiona dificuldades no processamento, e, consequentemente, quebra do fluxo produtivo e aumento do custo com a mão de obra.
A presença de fragmentos de plástico no algodão pode ocorrer na lavoura, na colheita, no transporte ou no beneficiamento. “São pequenos pedaços de lona plástica do módulo triturado junto à pluma no beneficiamento”, explica o gestor. Entre as principais causas da contaminação está a qualidade da lona plástica, o manuseio, a regulagem da colheitadeira, o excesso de material e procedimento incorreto no corte da lona. “Nos Estados Unidos, há uma tabela de deságio para cada região. Um algodão contaminado por plástico no nível um ou dois recebe um desconto de 4000 pontos, o que representa 50% do seu valor. Estima-se que a contaminação por plástico seja de 1% a 3%. Se houver 3% de contaminação podemos ter um deságio de 518 milhões de reais”, afirma Mizoguchi.
Já a contaminação por seed coat ocorre nas etapas da colheita e beneficiamento do algodão, quando fragmentos da casca da semente ficam presos às fibras. “Seja qual for a contaminação, somente a constância de boas práticas irá garantir a qualidade final do algodão que produzimos”, enfatiza Mizoguchi.
Fibras Curtas
Um dos maiores problemas enfrentados na cotonicultura são as fibras curtas. Consideradas aquelas com comprimento inferior a meia polegada (12,7mm), são perceptíveis apenas na análise instrumental, em máquinas do tipo HVI (High Volume Instrument), e sua ocorrência compromete os processos nas fiações, ocasionando perdas de matéria-prima e de produtividade. Além disso, quanto maior for o Conteúdo de Fibras Curtas (SFC), maior será o deságio no preço de venda da commodity. Nos últimos anos, o Brasil tem intensificado os investimentos para identificar as principais origens desse problema, que é uma das queixas recorrentes do mercado internacional. As causas podem estar na escolha da variedade, nos tratos culturais ou mesmo no beneficiamento da fibra.
Clique abaixo e acesse o conteúdo completo (nota técnica de contaminação e nota técnica de fibras curtas):
Nota técnica | Contaminação do Algodão Brasileiro: https://abrapa.com.br/wp-content/uploads/2024/09/Nota-Tecnica-%E2%80%93-Contaminacao.-versao-de-24.09.24.pdf
Conteúdo em Fibras Curtas do Algodão Brasileiro: https://abrapa.com.br/wp-content/uploads/2023/11/Indice-de-Fibras-Curtas.pdf
Fonte: Abrapa