De olho no futuro do mercado, Brasil participa do congresso do ITMF & IAF
Aguardado pela indústria têxtil mundial, o congresso anual da International Textile Manufacturers Federation (ITMF) e da International Apparel Federation (IAF) antecipou várias tendências do setor. Produtores e exportadores brasileiros de algodão aproveitaram a edição deste ano, que ocorreu em Samarkand, no Uzbequistão, nesta semana, para fortalecer a competitividade da pluma brasileira no cenário mundial.
O congresso teve como tema “Inovação, cooperação e regulamentação – impulsionadores do setor têxtil e de vestuário”. Boa parte da programação foi um grande painel, com as inovações que a indústria ao redor do globo está desenvolvendo. Em foco, produtos têxteis capazes de atender à demanda tanto do consumidor quanto dos fabricantes.
“Participantes de mais de 35 países acompanharam quase 40 especialistas para compreender melhor a dinâmica da indústria. Além da situação atual das matérias-primas que usamos, e seu desenvolvimento futuro, abordamos regulamentação, inovação, digitalização, colaboração e inteligência artificial, que são e serão relevantes para a cadeia de suprimentos global de têxteis e vestuário nos próximos anos”, analisou Christian Schindler, diretor geral da ITMF.
Entre as inovações, o destaque foi para as fibras – das artificiais às recicladas–, voltadas para um público preocupado com sustentabilidade. Já as fibras de nova geração, com tecnologias ainda mais avançadas que incluem algodão em sua composição foram percebidas como uma grande oportunidade futura para o Brasil.
“Viemos trazer um recado importante: o algodão brasileiro tem condições de suprir as demandas mais sofisticadas da indústria têxtil mundial. Produzimos em volume e em qualidade, com fibras diversificadas e uma pluma cultivada com responsabilidade socioambiental”, argumentou Alexandre Schenkel, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
No ano comercial 2023/24, o Brasil tornou-se o maior exportador mundial de algodão, à frente dos Estados Unidos. O título tende a se repetir no ciclo atual (2024/2025), reforçando a posição do Brasil como um player importante para a indústria têxtil global.
Um dos motivos para isso é a oferta contínua de pluma de qualidade em larga escala. Em 2024, a previsão é de que o país amplie em 13% a produção anterior, alcançando 3,67 milhões de toneladas. Já a exportação é projetada para 2,86 milhões de toneladas, 6,7% acima do realizado em 2023/24.
“Temos produção e logística para garantir um fornecimento firme nos 12 meses do ano, e capacidade para ampliarmos, conforme a demanda aumente. E isso porque cultivamos algodão de forma responsável e eficiente, o que nos permite também ter preços competitivos”, explicou Schenkel.
Na última safra, mais de 80% da produção brasileira recebeu certificação socioambiental. O país é o maior fornecedor de algodão Better Cotton no mundo (37% do total) e os indicadores de qualidade mostram evolução ano a ano.
O uso do algodão como um dos materiais no mix de fibras sintéticas é uma oportunidade, afirma Celestino Zanella, vice-presidente da Abrapa. “É mais uma opção de mercado para nós e estamos prontos para atender a essa demanda”, afirmou o produtor.
Focados na ampliação de mercado, os brasileiros avaliaram positivamente o painel de novidades do congresso anual da ITMF & IAF. “Conhecer as tendências das outras fibras é fundamental para traçarmos nossos planos daqui pra frente, sempre com o objetivo de termos mais participação no mercado. Além disso, vimos técnicas de circularização e reciclagem muito úteis”, avaliou Miguel Faus, presidente da Associação Nacional de Exportadores de Algodão (Anea).
Cotton Brazil
O Cotton Brazil é a iniciativa que representa e promove o algodão brasileiro em escala global. Ele é resultado da parceria entre a Abrapa, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), e a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). O programa foi criado em 2020 e tem escritório de representação em Singapura, focando em dez países prioritários, com ênfase para o mercado asiático.
Fonte: Abrapa