Abrapa integra missão à União Europeia para destacar a sustentabilidade e a rastreabilidade do algodão brasileiro
O compromisso da agropecuária brasileira com a inovação e a sustentabilidade foi o tema da missão integrada por entidades que representam o agronegócio nacional, entre elas, a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), na União Europeia, entre os dias 18 e 22 de setembro. O grupo, composto por representantes da Abrapa, Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e Bayer, reuniu-se com entidades agrícolas, agentes governamentais e representações diplomáticas da Alemanha, Holanda, Bélgica e Itália.
Com a missão, as entidades esperam contribuir para abrir espaços de diálogo com públicos-chave da União Europeia, posicionando de maneira positiva a imagem da agricultura brasileira na Europa. Para isso, demonstraram a importância da inovação no modelo de agricultura moderna do país e os esforços dos produtores de algodão e alimentos para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável para a segurança alimentar.
Nos encontros, o grupo defendeu a importância social da produção agrícola no Brasil, uma vez que só no segundo trimestre de 2023, cerca de 28,3 milhões de pessoas estão trabalhando no agro, o que representa em torno de 27% dos empregos no país. A missão também evidenciou o modelo pioneiro de agricultura tropical que se desenvolveu no país, contribuindo para uma verdadeira revolução agrícola, quando comparado à agricultura praticada até os anos de 1990, que espelhava o padrão europeu e americano, cuja transposição se mostrou ineficiente. Outro ponto de destaque foi a mudança na legislação europeia quanto ao desmatamento (EUDR), e os reflexos dessa interpretação sobre a exportação dos produtos agrícolas brasileiros para o bloco da União Europeia.
O gestor de Sustentabilidade da Abrapa, Fábio Carneiro, representou a entidade na rodada de reuniões, para apresentar o Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), certificação socioambiental do algodão brasileiro que vem sendo reconhecida como uma das mais completas do gênero em todo o mundo, assim como a rastreabilidade da pluma nacional, igualmente considerada inovadora.
Segundo Carneiro, práticas sustentáveis, incentivadas pelo programa ABR, como o sistema de plantio direto na palha, na qual o Brasil é líder mundial, também foram discutidas nos encontros diplomáticos. Os representantes brasileiros argumentaram que existe hoje a possibilidade de um dos insumos fundamentais para o plantio direto ser proibido na Europa ainda este ano, o herbicida glifosato, o que comprometeria este que é um dos fatores que propiciam a agricultura de baixo carbono no Brasil, sobretudo na cotonicultura.
Na Alemanha e Itália, os encontros foram organizados no sentido de mostrar aos parceiros comerciais que o investimento realizado em inovação e tecnologia no agro brasileiro tem efeito direto no desenvolvimento sustentável, geração de emprego e renda do país. Maciel Silva, diretor técnico adjunto da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que também participou da missão, disse que a viagem foi relevante “para unir esforços para mitigar os riscos no comércio entre Brasil e o bloco da UE, porque os agentes de mercado europeus, assim como o Brasil, veem com preocupação as novas exigências legais da União Europeia, como a nova lei anti desmatamento e os riscos que pode oferecer para as relações comerciais”. A regulamentação de novas técnicas genômicas e a busca de sinergia com países produtores de alimentos também foi pauta dos encontros realizados na embaixada brasileira em Haia, na Holanda.
Fonte: Abrapa