CBRA destaca avanços no controle de qualidade do algodão brasileiro em reunião de laboratórios
A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) realizou, em 04 de dezembro, uma reunião com o Grupo de Trabalho de Laboratórios para avaliar os resultados do Programa Standard Brasil HVI (SBRHVI) safra 2023/24, além das atividades desenvolvidas pelo Centro Brasileiro de Classificação de Algodão (CBRA) e da adesão crescente dos produtores habilitados ao sistema. O encontro também abordou o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB), as visitas técnicas e os treinamentos realizados ao longo do ano. Participaram também auditores fiscais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pesquisadores, que contribuíram para as discussões sobre as perspectivas de trabalho para a safra 2024/25, considerando o aumento projetado de 5,8% no volume de algodão beneficiado para o próximo ciclo.
De acordo com o gestor do Programa SBRHVI, Edson Mizoguchi, foram realizadas até hoje 80.119 checagens, representando 88% do total estimado. A taxa de checagem atingiu níveis expressivos, com 98% de estabilidade em 10 dos 12 laboratórios envolvidos, sendo que alguns já alcançaram 99%. “O desempenho dos laboratórios foi excepcional, refletindo anos de melhorias e investimentos. Nossa média inicial, que há cinco anos era de 91%, hoje se aproxima de 98%, um avanço exponencial que reforça a credibilidade do setor no cenário global”, destacou.
A reunião também abordou a implementação de um novo sistema de referência, previsto para 2025, que incluirá relatórios detalhados e alertas de qualidade automatizados. Além disso, foi discutida a adoção de novas ferramentas tecnológicas, como sistemas de monitoramento por operador e equipamentos mais precisos, que permitirão identificar tendências e otimizar processos de análise.
Análise de qualidade
Entre as características intrínsecas da fibra avaliadas nas análises de HVI, os participantes destacaram desafios como pegajosidade, fibras curtas e contaminação por plásticos e silicones, que impactam diretamente a competitividade do algodão brasileiro no mercado internacional. No ciclo 2023/24, houve avanços em índices como resistência, comprimento UHML, uniformidade, índice de fibras curtas e grau de reflexão, embora o micronaire tenha apresentado piora. Segundo os pesquisadores Jean Belot, do Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) e João Paulo, da Embrapa Algodão, as condições climáticas da safra favoreceram o aumento das populações de mosca branca, tanto na soja quanto no algodão de segunda safra. A Abrapa reforçou a importância de mitigar esses problemas por meio da adoção de protocolos mais rigorosos e da ampliação de treinamentos técnicos em laboratórios e junto aos produtores.
Novos protocolos
A implementação de novos parâmetros para o Programa de Qualidade do Algodão Brasileiro (PQAB) e o fortalecimento da rastreabilidade foram identificados como prioridades para o próximo ciclo. Cid Alexandre Rozo, auditor federal agropecuário do ministério, destacou a importância do acompanhamento diário das práticas operacionais dos funcionários para garantir a execução adequada do equipamento de HVI.
Foi discutida a implementação de sistema que permita registrar e monitorar o peso de todas as malas de amostras, com integração direta aos laboratórios. Essa medida visa aumentar a precisão nos resultados e garantir maior controle sobre os processos envolvidos na classificação de pluma. “Houve problemas, mas, de forma geral, dos 12 laboratórios, 11 apresentaram resultados de confiabilidade superiores aos do ano passado. Alguns pontos ainda necessitam de ajustes, mas, no conjunto, os resultados foram positivos. Por isso, gostaria de parabenizar a todos pelo excelente trabalho realizado”, afirmou.
Foram propostas ações voltadas para a capacitação das equipes, incluindo a realização de workshops e a criação de vídeos educativos que disseminem as melhores práticas operacionais. Além disso, a Abrapa planeja reforçar o uso de ferramentas digitais nos laboratórios para automatizar etapas críticas, otimizar processos e evitar inconsistências.
Fonte: Abrapa