Movimento Sou de Algodão reúne mil marcas e incentiva o usa da fibra natural
Não basta a roupa ser bonita e cair bem. Há uma geração de consumidores cada vez mais consciente que quer saber quem fez a peça, em quais condições de trabalho foi desenvolvida e qual é a origem do material. Por outro lado, a Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão) já tinha um programa de sustentabilidade e de responsabilidade na produção da fibra de algodão há alguns anos, mas essas informações não chegavam ao consumidor final.
Para colocar sob os holofotes a importância e a produção consciente da fibra, a Abrapa criou, em 2016, o movimento Sou de Algodão, que envolve todos os agentes da cadeia produtiva e da indústria têxtil da matéria-prima, desde o homem do campo até o consumidor final, passando por tecelões, artesãos, fiadores, estilistas e estudantes de Moda. O movimento, lançado no São Paulo Fashion Week daquele ano, tomou corpo e hoje tem mais de mil marcas parceiras em diferentes segmentos, com as quais promove networking e faz ações como programas de capacitação.
Em 2021, a Sou de Algodão desenvolveu com a Renner e com a Reserva um projeto piloto de rastreabilidade de ponta a ponta, da fazenda ao varejo, batizado de SouABR (Sou de Algodão Brasileiro Responsável). As duas marcas fizeram coleções que traziam na etiqueta um código QR com todas essas informações reunidas. “Montamos um sistema e controlamos desde o desmanche do fardo de algodão dentro da fiação, em que só é usado algodão com certificação socioambiental, e cada elo, ou seja, cada fornecedor da cadeia da Renner e da Reserva contribuiu com os dados”, explica Silmara Ferraresi, gestora geral do Sou de Algodão.
Além do desafio de ser uma cadeia muito extensa, outra dificuldade é que os varejistas têm receio de dizer com quem trabalham, quem presta serviço para eles. Mas, depois do bem-sucedido teste com essas duas marcas, a Sou de Algodão quer, a partir de janeiro de 2023, estender o programa SouABR para qualquer marca que queira compartilhar seus dados, entregar rastreabilidade e fazer essa informação chegar até o consumidor final. “Com esta ação pioneira, não só garantimos que a peça foi produzida em linha com boas práticas no ecossistema, como também damos ampla visibilidade ao cliente. Antes de chegar ao guarda-roupa das pessoas, cada peça já tem toda a sua história registrada”, disse o diretor de Produto das Lojas Renner, Henry Costa, no lançamento das primeiras calças jeans 100% rastreadas por blockchain no Brasil.
Outro pilar do movimento é o Desafio Sou de Algodão, concurso voltado a estudantes de graduação de Moda. “A premiação desta segunda edição foi na Casa de Criadores. Tivemos a participação de mais de 460 estudantes de todo o país e o vencedor foi Guilherme Dutra, da Faculdade Santa Marcelina [de São Paulo] “, conta Manami Kawaguchi Torres, gestora de relações institucionais da Sou de Algodão. O primeiro lugar estará no line-up da próxima edição da Casa de Criadores e foi premiado com R$ 30 mil para desenvolver sua coleção de estreia, além de tecidos de algodão, claro.
Versátil, o material está mais presente no guarda-roupa do que se imagina: desde a calça jeans e a camiseta do dia a dia ao vestido de festa de renda. Por ser uma fibra natural, ele tem tudo a ver com o clima do Brasil e traz grandes vantagens em relação à reciclagem e ao descarte em comparação às fibras sintéticas.
Mídia: Revista Marie Claire