Cerrado é destaque na produção sustentável de algodão
Com investimento em tecnologia e pesquisa e somente 8% da área plantada irrigada, o Brasil pode ser considerado o maior fornecedor de algodão sustentável do mundo, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).
Nas décadas de 1980 e 1990, o Brasil era um dos maiores produtores mundiais de algodão.
Porém, com a chegada do bicudo, a principal praga da cultura nas Américas, a área plantada diminuiu mais de 60% e o país deixou de ser um grande exportador para ser o segundo maior importador de algodão do planeta.
No início dos anos 2000, houve uma retomada do cultivo. A cultura migrou das regiões Sul e Sudeste para o Centro-Oeste.
Com a colheita mecanizada e investimento em pesquisa e novas tecnologias, o cenário mudou bastante.
Se em 1980, o Brasil produziu 500 mil toneladas de pluma em quatro milhões de hectares. Hoje, o país produz quase três milhões de toneladas em pouco mais de 1,5 milhão de hectares. Ou seja, uma produtividade cinco vezes maior em uma área plantada praticamente três vezes menor.
Rentável e sustentável. Assim é a produção de algodão no Cerrado. É no centro do país que se encontra 90% das lavouras brasileiras de algodão.
Uma cultura que já ocupou o sertão e a beira-mar, mas encontrou no Planalto Central as condições ideais para o seu desenvolvimento.
“A gente já tem previsões e históricos de onde iniciam as chuvas e onde elas terminam. Então, para o algodão, é fundamental. Um exemplo é que, nesse estágio que se encontra, da colheita, eu não posso ter mais chuvas. Então, se eu estiver em outra região do Brasil, do Sul, eu já tenho nessa época até chuvas ocorrendo e, no Cerrado, eu não tenho. Eu tenho um clima mais definido”, explica Diego Andre Goldschmidt, coordenador de produção da Fazenda Pamplona, em Cristalina (GO).
Na fazenda, 100% das plumas são certificada pelo Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e pela Better Cotton Initiative (BCI).
“Ao obedecer todo esse protocolo, são 183 pontos de cumprimento e verificação, a Fazenda recebe uma auditoria externa que comprova que está feito esse papel e emite um certificado de sustentabilidade para produção que sai da propriedade”, explica o diretor executivo da Abrapa, Marcio Portocarreiro.
Os protocolos de sustentabilidade envolvem boas práticas agrícolas, sociais e econômicas.
No aspecto ambiental, um fator determinante é a economia de água e de energia: 92% da produção é feita em sequeiro. Ou seja, irrigada apenas com água da chuva.
Além disso, o monitoramento de pragas é feito por drone e há um intenso controle biológico.
Já no aspecto social, a empresa busca oferecer um ambiente seguro, salários adequados, opções de lazer para os funcionários e eliminar qualquer forma de trabalho humilhante ou degradante.
“Trata-se de uma tomada de consciência do consumidor mundial, preocupado com o meio ambiente, com relações de trabalho e qualquer exploração indevida de pessoas. então, quando uma pessoa nos Estados Unidos ou na Europa vai à uma loja comprar uma roupa ou um produto de cama, mesa e banho, ela busca saber se, ao comprar, ela não está contribuindo para esse tipo de crime ambiental e social. a única forma de garantir isso é certificando o processo, desde a origem, até chegar no produto final”, complementa Portocarreiro.
Rastreabilidade
Uma das iniciativas que assegura a qualidade do algodão produzido em cristalina é a rastreabilidade.
Um sistema de logística reversa, com tecnologia blockchain – ou seja, inviolável – que permite ao comprador e aos consumidores, saberem, todo o processo percorrido pelo produto.
“Junto com o fardo de algodão, a partir de um qr code, é verificado pelo celular, o comprador pode verificar quem produziu, em que região do país produziu, o mapa da fazenda, da onde saiu aquele fardo, em que unidade de beneficiamento esse algodão foi beneficiado, e o mapa da onde está, em que laboratório ele foi analisado, também com mapa, e o resultado da análise, inviolável, que o comprador tem muito interesse em saber e que sabendo que ninguém pode mexer nesse resultado, ele confia no que está ali. e também a informação que o algodão é ou não é certificado, que vão as licenças fornecidas pelas empresas de auditoria”, explica o diretor executivo da Abrapa.
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Fonte: Mídia: Canal Rural